- Sobre o que vocês estão
falando?
- Crepúsculo.
- Tá de brincadeira?
- Sério. Patrícia acha que as
garotas sonham com um cara que pense no coração delas pulsando e não na vagina
pulsando.
- Desde quando você é sensível
assim, Patrícia?
- Eu sou sensível só não
demonstro pra esse mundo cruel.
- Cruel e hipócrita.
- Ééé. Deixa eu dar um trago.
- Sabe, eu tenho um ideia pra
escrever um livro – diz Dinho envergonhado.
- Sobre o quê? – alguém pergunta.
- Um jovem que escreve um livro,
vai em várias editoras, é rejeitado, anda pela rua com o livro encadernado,
senta em um banco e chora. Uma antiga amiga passa, eles conversam. Ele acaba
jogando o livro no latão. Isso significa que ele está desistindo do seu sonho.
O que vocês acham?
- Você tá falando sério?
- Livro bobo.
- Você é tão pirado, Dinho.
Porque escrever uma merda dessa?
- História de merda.
- Vamos bolar mais um que a gente
cria alguma coisa melhor que isso.
- Bola aí, Patrícia.
- Nada. Eu vou no banheiro.
- Bola aí, Pedro.
A garota vai para o banheiro.
Pedro pega a seda. Rafael dixava a maconha. Dinho pensa.
- AAAAAAAAAAAAA.
- O quê foi, Patrícia? – pergunta
Pedro.
Ela não responde.
- Patrícia?
- AAAAAAAAAAAAAAAAA.
- Parece sério.
- Eu vou ver.
Dinho vai até o banheiro. Ele vê
a garota com as calças arriadas.
- Pedro, Rafael. Vem aqui.
Eles chegam.
- Quê?
- Dá uma olhada na Patrícia.
- Ela mijou na calça?
- AAAAAAAAAAAAAAA.
- Para de gritar, o que foi?
- Olha na vagina dela.
- Vixê, Maria.
- Minha xoxota sumiu!
- Como assim sumiu.
Pedro coloca rapidamente a mão
dentro da calça.
- Graças a Deus. O meu tá aqui.
Dinho o teu tá aí?
- Tá - conferindo.
- Rafael?
- O quê?
- O teu pinto.
- Tá aqui, tá aqui.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAA.
- Todo mundo fica calmo agora –
diz Rafael. – Bola aí, Pedro.
- Como eu vou ficar calma se a
minha xoxota sumiu?!
Onde antes havia uma vagina
rosada, agora aparece algo como um joelho dobrado.
- Caramba, velho, como isso
aconteceu?
- Pega uma faca na cozinha. –
Dinho fala.
- O quê?
- Pra quê faca?
- Pega uma bem afiada – continua
Dinho – nós vamos cortar e eu lhe garanto, Baby,
você vai ter sua xoxota de volta.
- Você vai me operar?
- Tem certeza que a gente não tá loko demais e a vagina tá lá mas não
vemos?
- Eu estou tentando mijar aqui
mas não sai nada, passa a mão.
Eles passam.
- É mesmo. Isso não é loucura.
- Eu vou lá pegar a faca.
Dinho sai.
- Entra na privada. Vai ver que
caiu lá dentro.
- Essa porra virou Trainspotting?
- Eu não sou rato pra andar no
encanamento da privada?
- Uma pessoa descendo pela
privada é surreal pra caralho.
- Que coisa não é surreal depois
que perde a xotota?
- Os caçadores da vagina perdida.
- Vai ver ela nunca teve boceta.
- Ela mija por onde, cabaço?
- Eu dei ontem!
- Pra quem?
- Você não conhece.
- E foi tudo normal?
Dinho volta com uma faca para
cortar carne de churrasco. Afiada como o diabo.
- Vamos cortar essa porra – Dinho
diz.
- Não! Ninguém vai me cortar.
- Pensa nas transas que você já
teve...
- Você é louco? – diz Rafael.
- Por quê?
- Se ela lembrar de alguma vez
que foi ruim aí ela não vai querer a xoxotinha de volta.
- Ah, não. Eu quero sim. Eu tenho
mais bons sexos do que maus sexos.
Pedro termina de bolar a maconha.
Rafael segura Patrícia.
Pedro pega o isqueiro.
Dinho aponta a faca.
Patrícia treme.
Pedro deixa o isqueiro cair aceso
dentro da privada. As chamas não apagam, a luz continua mais forte, apontando
direto para teto e a vagina é projetada como num filme no cinema. Os quatro
ficam perplexos.
- É sua vagina?
- É-é, m-minha, v-a-g-i-n-a.
- Bela vagina.
- Alguém já tinha visto?
- Não.
- Também não.
Quase como um monólogo surreal os
quatro ficam maravilhados. Por horas. Deitados no chão do banheiro esperando
pela próxima cena.
(Gilberto Caetano)
...
So vc mesmo. Cronemberg e pornochanchada. Parece coisa do carlao. Soh falta a japonesa. Ri muito. Abco.
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