28.12.10

FOTOGRAMAS

Uma pequena observação fotográfica que tenho do mundo.


Mais fotos minhas em:


Fotos tiradas em Arraial do Cabo/RJ, 2010.  




















24.12.10

* * *

Algumas palavras contra o mundo

E o mundo nem liga, fica mudo

Enquanto estou entre as tuas coxas

Escrever parece mais fácil, rápido

Ostras pelas ruas quando volto pra casa

Nem tudo está em seu devido lugar

Quem sabe, eu não”

Algo a ser testado, camuflado e importado

Porque a coragem às vezes não corre por estas terras

Enquanto estou entre as tuas cochas

As coisas parecem se mover, parecem obedecer

Se duas palavras rolaram de sua boca

Caíram em minhas veias, direto pela artéria

Tornando minha matéria inerte

Invertendo qualquer solução

Eu poderia ser qualquer outra coisa

Mas não enquanto estou entre as tuas coxas

15.12.10

(Conto): A BRISA DA CAIXA DE SOM

para Lígia O. 


Nesta terra existem algumas coisas que são um pouco fora do comum. Fora daquilo que os evangélicos diriam que é “coisa de Deus”. Nós sabemos disso. E isso é bom. Mantém as diferenças. Algumas garotas às vezes sentem tesão por coisas exóticas e ANA LÚCIA CINTRA nunca contou, nem para a sua melhor amiga, que tem tesão por caixas de som. Antes que você pense que ela transa com caixas de som, eu te alivio, não é isso, mas ela as usa. 

Ela, com 19 anos, descobre totalmente sem querer numa festa entre amigos. Cansada de dançar, Ana senta em uma pequena caixa de som. A pequena vibração contínua lhe dá prazer uma espécie de vibrador sonoro. Contagiante. Uma caixa pequena que lhe proporciona um orgasmo público. Alguns garotos bêbados desconfiam, sem nunca tocar no assunto. 

As festas crescem, em proporção, as caixas de som também. Namorados entram e saem de sua vida, as caixas continuam. Sua grande felicidade é ir à Danceterias e estar lá, coladinhas nas enormes caixas, não se importando com os tímpanos enquanto seu grelinho parece um sino. 

Ainda que entusiasta do prazer-por-mim-mesmo Ana carece de um homem. 

Não conseguiria em outro lugar senão num show de rock underground fuleiro num inferninho qualquer da Rua Augusta. E logo o guitarrista solo da banda. 

Cacete. Sexo, vinho e clichês à vontade na rua, na chuva e na garagem do prédio dos pais dela. 

O fluxo da vida segue até que o namorado deixa seu amplificador e sua guitarra na casa de Ana por um fim de semana. Ela não acreditava, mas sua vida muda no instante em que pluga a guitarra, senta no amplificador e toca alguns acordes meio sem sentido mas fazem todo o sentido do mundo para sua vagina. A pequena rosada ressoa como nunca. O mais impressionante é que ela mesmo dá o tom do prazer. 

Claro que ela troca o namorado por uma guitarra, um amplificador e uma pedaleira. Faz um curso intensivo de guitarra & violão. 

Uma boa siririca sonora começa com Pedro Pedreiro, cresce para Lugar Nenhum, diminui para a balada Black , depois Jumpin' Jack Flash, Black Dog, Take Easy Baby e culmina ensurdecedoramente com Guerilla Radio. 

A cada nova música que Ana Lúcia aprende, é um orgasmo diferente. Uma siririca sônica.



(Gilberto Caetano)

7.12.10

Veja também:

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