28.10.15

* * *

Todas aquelas coisas


Tudo aquilo que corrói


A miséria, a fome, o cansaço


As doenças por debaixo da pele


As doenças da alma


A cabeça pesada


Tudo aquilo que continua desde sempre


Tudo que não muda


Um frio que começa no estômago


Que sobe pela garganta


E contamina o quarto


A garoa cai sobre os lençóis


A coberta não serve mais


Tudo aquilo que servia e não serve mais


O ciclo contínuo e tortuoso


O ciclo que não gira


Tudo aquilo que continua o mesmo 




(Gilberto Caetano)









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25.10.15

LISTA: Contos Menos Populares (Atualização 2015)

Ao lado existe a lista chamada Postagens Populares (Semana).

Aqui vai uma lista dos meus contos Menos Populares. É só clicar no título:  

1) S.O.  

2) GONE 

3) 30  

4) A INCOMUNICABILIDADE  

5) MARTINHA (08) 

6) HORROR EM SANTO ANDRÉ 

7) DESMORTO

8) OLHO  

9) AQUILO QUE NÃO SOMOS 

10) FELIZ DAQUELE HOMEM QUE SE ESCONDE NA FLORESTA




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22.10.15

FRAME: No Balanço do Busão | Além dos Falantes A01E08



Neste programa Borracha Beat Box conta suas histórias dentro do transporte público, mais conhecido como BUSÃO. Saiba porque ele quase apanhou, entenda porque as pessoas ficam estressadas e o que muda a cada dia da semana. Assista e divirta-se!

INSCREVA-SE NO CANAL: https://www.youtube.com/user/terrorem...

Página Oficial do Borracha Beat Box: https://pt-br.facebook.com/borracha.b...

VEJA O SITE DO GUERRILLA:
http://www.guerrillanaveia.com/

Produção Executiva 
Thais Scabio

Edição e Finalização 
Paulinho Lordhóric
Gilberto Caetano

Uma Produção: 
Cavalo Marinho Audiovisual e Borracha Beat Box

CONHEÇA O SITE DA CAVALO MARINHO AUDIOVISUAL:
http://www.cavalomarinhoaudiovisual.com





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19.10.15

Na Veia: Trailer Oficial - Star Wars: O Despertar da Força

NOVO TRAILER DO NOVO STAR WARS!!!!!

DRAMÁTICO!! ÉPICO!!!!





O novo filme, da maior saga de todos os tempos, Star Wars: O Despertar da Força estreia dia 17 de dezembro nos cinemas.




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FOTOGRAMAS

Uma pequena observação fotográfica que tenho do mundo.

Mais fotos em: http://www.flickr.com/photos/gibacae

(Ilha Comprida/SP, 2011)













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16.10.15

GUERRILLA: 10 anos de Comportamento Kamikaze


Provavelmente ninguém conhece este pequeno filme, ou pouquíssimas pessoas conhecem o curta independente de 2005. O primeiro produzido pela Cavalo Marinho Audiovisual (conheça o site) antes mesmo da produtora existe realmente.

Leia mais e assista em: http://migre.me/rAVhI




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13.10.15

* * *

O sussurro da sarjeta no seu ouvido 

O toque do frio na madrugada 

Poderia ser amor

Mas é pinga quente correndo na veia 

Poderia ser qualquer coisa melhor 








(Gilberto Caetano)


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10.10.15

(Conto): ASFIXIA

- Eu vou te contar uma coisa sobre a situação política dessa merda - diz Esdras. 
- Fala então, biduzão. 
- Você nunca me chamou de biduzão antes, amor. 
               
Ele beija a esposa na boca. Fernanda sorri rapidamente. 

-É o seguinte e é simples: só uma questão de tempo pra esquerda deixar de existir. Estão martelando os joelhos deles e uma hora cai. O país não precisa mudar. Se mudar quem se fode na história?
- A gente – Fernanda diz concordando com o marido.
- Sei não se o pior ainda está por vir - fala Jimi - intervenção pode ser uma possibilidade. 
- Estão até prendendo palhaços na rua - exclama chamando atenção para si Vera imponente e dona do apartamento onde os dois casais amigos estão jantando neste momento. 

Jantar sem muita firula, vinho, conversas e risos. Vera e Jimi estão casados há 10 anos. Altos e baixos. Hoje está tranquilo e controlado. Mesmo que não tentem mais ter filhos. Um filho na ponta do lápis é muita despesa. Aquilo que dizem que a única forma de enganar a morte é passando seu gene através da prole é balela. Jimi prefere do jeito que está. Vera não. 

- E você Fernanda, o que você acha? Não está meio salgada a comida? 
- Não. Pra mim está bom. Nunca comida uma comida rosa. O que é?  
- Adivinha. 
- Sei lá. 

Esdras coloca a colher com a comida rosa. Mastiga um pouco para sentir o gosto. Acha algo estranho sobre a gengiva. 

- Que foi? 
- Nada... Só... Espera...

Ele tira da boca um pelo. 

- Meu Deus! - grita Vera. 
- Não esquenta acontece. 
- Que vergonha. Nessa comida não tem nenhum bicho com pelo. 
- Não esquenta, Vera. Já foi. O que eu estava falando mesmo? 
- Sei lá.
- Eu perguntei o que é a comida e você pediu para adivinhar mas não consigo.
- Espera um pouco... – pede Esdras.  

Ele enfia novamente dois dedos na boca, entram mais desta vez e tira outro pelo de seis centímetros, preto e grosso. 

- O que está acontecendo, Vera?
- Eu não sei, Fernanda. Alguém mais encontrou alguma coisa dentro?
- Eu não – responde Jimi.  

Esdras engasga um pouco. 

- Bebê água, Esdras. 

Ele bebe. 

- Eu vou jogar a comida fora. 
- Acho que não é a comida não amor. 

Esdras tosse. Enfia três dedos na boca e tira mais pelos. Uma quantidade maior desta vez. 
Fernanda fica apavorada. Jimi e Vera ficam sem reação. 
Ele tosse, está engasgando. Fica vermelho. Fernanda enfia a mão na boca dele e tira mais pelos. 
Esdras engasga mesmo. Sufoca com o esôfago fechado. Ar nenhum entra. A garganta incha. Jimi corre para trás dele e o abraça com força para soltar o que está dentro dele. 

Esdras fica com a cabeça bem vermelha. Fernanda enfia novamente a mão na boca do marido e puxa o que está sufocando. Ela puxa até sair para fora da boca a cabeça de um roedor. 

Ela grita como num filme de Wes Craven e cai no chão se arrastando para a parede. 


O resto do corpo do bicho ainda está dentro da boca. 
Jimi puxa o bicho morto da boca do amigo e joga não chão. 
Vera está em estado de choque. 
Jimi paralisado. 
Esdras deitado no chão respirando com dificuldade. Deitado ao lado do roedor. 

- Já passou, já passou - diz Jimi. 

Fernanda depois de minutos respira fundo, alguém precisa ter a cabeça no lugar neste momento, pega o roedor molhado, gordo e morto e joga no lixo da cozinha. Volta para o marido, deita a cabeça dele em sua coxa e acaricia seus cabelos. 
Esdras finalmente consegue controlar a respiração. 

Vera depois que para de chorar, tosse, e da boca cai uma pena preta. 



(Gilberto Caetano)


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7.10.15

* * *

Sobre o Rio Podre 


O Sol do Outono 


Batendo sobre a superfície preta 


O deixa com textura de Veludo 






(Gilberto Caetano)


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4.10.15

(Conto): MULHER NEGRA DA PERIFERIA MALTRATA FILHOS DA CLASSE MÉDIA

Com um título como esse no caderno Cotidiano do jornal mais lido da cidade de São Paulo não teria como chamar a atenção de Rebeca Linhares Bitencourt. Ela tem dois filhos. Gustavo e Carolina. 9 e 7 respectivamente. Sua emprega que trabalha com a família há dez anos é negra, periférica e pega lotação para ir ao trabalho. 

- Rute!
- Senhora? - ela responde do quarto das crianças. 
- Vem aqui, Rute! 

Rute entra. 

- Olha o absurdo desta matéria aqui. 

Rute passa o olho sobre as letras e as fotos. 

- Mas quem está falando um negócio desse, madame? 
- Você leu a matéria? 
- Só passei o olho. 
- Estão dizendo que existe um complô contra a classe média. Olha o absurdo. 
- Eu não faço parte disso não. 
- Olha só o título da matéria, Rute. 
- Hum. 
- Você sabe ler? 
- Sei, madame. 
- Então leia. 
- "Mulher negra da periferia maltrata filhos da classe média".
- Absurdo! 
- De onde essa mulher é? 
- Lê a matéria, Rute. 

Rute obedece. 

- Éééé. Sei não. 
- Sabe não o que, Rute? 
- Éééé. Acho que essa se lascou. 
- Vai tomar um processo foda! Vai presa, essa vagabunda. 
- Vagabunda não, ela é trabalhadora, madame. 
- Você me entendeu. 

Rebeca respira fundo e solta a pergunta: 

- Você maltrata meus filhos, Rute? 

Rute respira fundo duas vezes e solta: 

- Se eu não tivesse educação, madame, eu mandaria a senhora à merda agora mesmo, pegaria minhas coisas e iria embora sem pensar duas vezes. Mas como eu tenho educação vou responder da seguinte maneira: Senhora Rebeca, trabalho para a senhoras antes do Guto e da Carol nascerem. Cuido deles deste sempre. A senhora já viu eu fazendo alguma coisa contra a integridade física deles? Não. A senhora já escutou alguma reclamação deles? Não. Como eu poderia fazer algo contra eles, se amo teus filhos como se fossem meus. Só porque eu sou negra e a mulher da notícia também é negra e mora na periferia não quer dizer que somos todas iguais. Eu nunca torturaria ninguém da classe média para não crescerem babacas. 

Rebeca engole seco a saliva. Desce difícil pela garganta. 

- Estou esperando um pedido de desculpas, madame. 
- Mil perdões, Rute. Eu sou uma idiota. 
- Ainda bem que a senhora reconhece. 
- Que eu sou uma idiota? 
- Não, madame, o erro da pergunta. 

Rebeca toma seu café rapidamente, levanta e abraça a empregada. 

- Adoro quando você me chama de madame, parece que tenho mais dinheiro do que realmente tenho. 

Ela beija Rute muito de leve no rosto, pega a bolsa, as chaves, diz: 

- Dá um beijo nas crianças por mim. 

E sai apressada para o escritório. 

Rute deixa as crianças dormirem até tarde, limpa os banheiros e liga para a colega Lurdes. 

- Alô, Lurdes? 
- Oi, quem é? 
- Você não viu ai no visor não? 
- Estou sem óculos, mas pela voz e pela grossura é a Rute. 
- Você leu o jornal hoje? 
- Tenho tempo não. 
- Descobriram o nosso esquema. 
- Qual deles? 
- Tortura e pressão sobre os menores. 
- Ixi. E agora? 
- A patroa me encostou no canto, me apertou, mas eu não disse nada. 
- A minha é tapada. Ela não lê nada de manhã. Ela só lê a bíblia antes de dormir e entende tudo errado. 
- Ótimo. Eu preciso que você ligue para algumas das meninas. 
- Agora? 
- Claro! 
- Tá bom. 
- Fala pra desmentir tudo. 
- Tá bom. 
- Eu vou lá ligar para as meninas do Rio. 
- Certo. 
- Segura aí é não faz nada com os pirralhos. 
- Sério? 
- Seríssimo. 
- Aaaah. O Fabinho jogou papel no chão e chamou uma menininha no playground de galinha. 
- Você planejou o que pra ele? 
- Só um afogamento básico e uns choques pra ele aprender. 
- Só alguns choques então. 
- Tá certo. Ah... Quem foi pega? 
- A Joana. 
- Joana? 
- A baixinha, gordinha, cabelo com luzes. 
- Ah, coitada. 
- Vou ver se consigo falar com ela pra dar um apoio moral. 
- Tá bom. Beleza. Preciso ir pra preparar o choque naquela semente do mal. 

Elas desligam simultaneamente os celulares. 
Rute respira um pouco, pensa, senta na cadeira. Olha de relance para a porta e as duas crianças estão paradas olhando para a mulher negra da periferia que corrige crianças deselegantes. 

- O que vocês estão fazendo acordados agora? 
- Desculpa - diz Guto com o queixo tremendo. 
- Sentem aí que eu vou preparar um café bem gostoso pra vocês. 

Os irmãos correm para sentar rapidamente. A garota primeiro depois ele. 

- Guto. 
- Senhora? 
- Você lembra o que teu pai te disse ontem? 

Ele não responde. 

- Lembra ou não lembra - Rute insiste - sobre a escola? 
- Ele disse que eu tenho que catar todas as meninas da escola. Até passar a mão na bunda delas de vez enquanto que elas gostam. 
- Você gosta, Carol? 
- Não sei. 
- Não. Você não gosta, Carol. 
- Eu não gosto – diz a menininha.  
- Dá um tapa na cara do teu irmão e diz pra ele respeitar as meninas, que o pai de vocês é um babaca. 

[plaft]

- Nosso pai é um babaca. Você vai respeitar as meninas. Você me ouviu? 

[plaft]

- Ouviu? 
- Ouvi - Guto fala baixo. 
- Ele ouviu, Rute. 
- Boa menina. Você vai ser o que quando crescer? 
- Secretária executiva igual minha mãe. 
- Dá um tapa bem forte na cara da tua irmã, Guto. 

O menino prepara a mão... 

- Não – Carol fala alto – Sócia da empresa. Eu vou batalhar pra ser sócia de uma empresa.

O menino desarma a mão frustrado. Depois repensa seu sentimento turvo e fica alegre por não machucar a irmãzinha. 

- Vocês sabem que eu amo vocês? 
- Sim. 
- Sim. 
- Vem cá. Me abracem forte que eu vou fazer um café bem gostoso pra vocês. 




(Gilberto Caetano)



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1.10.15

Na Veia: Desconstruindo Harry texto de Eduardo Araújo

"Roubei" do querido blog Revide (veja) o texto do Edu sobre um dos meus filmes preferidos do Woody Allen:


Daquelas comédias cabeçudas de Woody Allen. Assisti no cinema, há anos, e zapeado a Netflix encontrei, parei e revi. Não me passara na cabeça a conexão entre este filme e o 8 1/2 de Felini, de algum modo rebaixado, para as obsessões de Allen. De conexões, o bloqueio criativo do escritor, sua tensa relação com as mulheres (namorada, esposa, amante, prostituta, mãe, irmã etc) a mistura entre sonho e realidade. Mas em Allen, o exame via desconstrução do sujeito, bastante revelado em suas pequenas obsessões e delírios. A traição com a cunhada, a discípula sexy, a irmã judia hiper religiosa, seu sarcasmo e ironia, seu romantismo disfarçado de cinismo. Há essas micronarrativas-skets, como o ator fora de foco, a descida no inferno, e o amigo prestes a morrer. Tudo delicioso, e com aqueles inserts inteligentes de auter-egos e personagens-recriados interagindo com o protagonista/autor. Mágico. 



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Veja também:

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