19.12.12

FRAME: Quem sabe?

Quem sabe um dia esta música será parte da trilha musical de um filme meu:

"That's My Way" - Edi Rock Ft. Seu Jorge





Música fantástica!








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14.12.12

FRAME: Tietê Conta Ataca, 2011

Segundo Curta-Metragem realizado pela Oficina Básica de Animação 2D realizado pelo JAMAC CINEMA DIGITAL.

Mais informações sobre este projeto clique aqui.









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9.12.12

FRAME: Casa Segura, 2010.

Primeiro Curta-Metragem realizado pela Oficina Básica de Animação 2D realizado pelo JAMAC CINEMA DIGITAL.

Mais informações sobre este projeto clique aqui.








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4.12.12

(Conto): FELINA



            Ela nasceu numa viela sobre o concreto gelado, junto com irmãos que morreram com as primeiras horas da manhã. A mãe, depois de recuperada suas forças, vai atrás de algum resto para tampar os buracos de seu estômago.

            Ela, recém-nascida, acorda calada. Aprende os primeiros passos para fugir do fedor do cadáver de seus irmãos mortos tostando no cimento quente.

            Deus abençoe o velho sujo que joga pela janela os restos de gordura do pedaço de colchão-mole. Difícil primeira refeição, ainda mais brigando com as moscas.

            Mais alguns dias e ela estará morta. E ela nem sabe o que é morrer. Nem suspeita o conceito de morte. Dizem que ela existe para trazer alento. Dizem que ela existe para torturar. Dizem que ela existe para trazer o equilíbrio. E ela nem sabe que ela existe. Nem o conceito de mãe. Apenas o que é vivo e o que é morto ou o que mexe e o que não mexe.

            O concreto está esfriando. Ela ali, tremendo, com o estômago comprimido, pele cinza seca, olhos sem lubrificação. A guerra está no fim. Mas para que serve esta guerra mesmo?

            Passos.

            Risadas.

            Dó.

            - Coitadinha.
            - Essa já era, vamos.
            - Não consigo. Já estou influenciada pela tragédia.
            - É duro mas passa. Daqui a pouco vai começar a reprise do Perdidos na Noite!
            - Tira a sua camisa.
            - Pra enrolar o bichano? Não dá. Eu gosto muito desta minha camisa.
            - Essa camisa é velha.
            - Por isso que eu me apeguei a ela.

            A Ruiva tira sua blusa rosada e enrola o filhote moribundo. Está aquecida e confortável no colo da Ruiva pela primeira vez na vida.

            - Qualé, Ruiva? Você está de sutiã no meio da nossa rua!

            A vida não se resume a reprises de programas na TV. O casal a leva para uma veterinária, a melhor do bairro, aquela que marchou na Avenida Paulista contra a violência contra os animais e apanhou dos cassetetes dos humanos de farda cinza.

            Ela ganha remédios, vitaminas, um saco de ração sabor peixe e o nome de Felina.

            - Felina?
            - É muito óbvio?
            - É como se o meu nome fosse Crioulo e o seu Ruiva.
            - Eu gosto de Felina e vai ser Felina. Né, Felina? Gut, gut, gut.

            Felina dorme nos pés da cama junto com os donos. Aprende pra que serve a caixa de areia, a beber água no mini-chafariz, aprende as palavras faladas, aprende o que é sexo.

            Felina está satisfeita. Tem seu território demarcado. Gordura dentro de sua pele, longe das moscas. Sua pele está cinza e linda.

            Os meses passam depressa e a gata afortunada tem reações estranhas, começa a roçar nas pernas de qualquer um que se aproxime. Um calor que sobe por dentro. Um desespero silencioso de querer a liberdade para encontrar o prazer.

            - Felina está no cio.
            - Dá chocolate pra ela, Ruiva.
            - Putz. A veterinária disse que era pra ela ser castrada antes do primeiro cio.
            - Agora já era.
            - Será que ela terá problemas psicológicos por isso?
            - Vamos esperar o cio terminar e aí castramos.
           
            “castrar? o que é castrar? é bom? é ruim? minha Bastet, o que é isso que eu sinto? estou sentada o dia inteiro no sofá com o Crioulo na frente da TV e o meu problema não é televisionado. está quente. preciso de ar. preciso de ar”.

            Ruiva sem perceber deixou a porta dos fundos aberta e Felina está no telhado. Miando. Gritando. Desesperada. O bairro inteiro escuta.

            “Bastet me ajuda!”
            “esquece, gatinha”.
            “o quê? por que?    
 
            Este é um bairro classe média onde as casas foram construídas por um padrão: do mesmo tamanho, muito próximas e com gatos nos telhados. Cada telhado com um.

            “como é mesmo o seu nome, gatinha?”
            “Felina”.
            “Felina? Hummm. Felina, minha querida, esquece de ficar pedindo pra Bastet ou qualquer outro que não irá funcionar. tá vendo aquele gato branco lindo ali no fundo? o nome dele é Mingau, como o Mingau da Magali. castrado. aquele outro bonito, gordo, com uma listra marrom. o nome dele é Canjica”.
            “castrado?”
            “é”.
            “mas o que é castrado?”
            “aquilo que faz pra não existir mais nada entre nossas pernas. nada entre as pernas do Tobias. nada entre as pernas do Milu. nada entre as minhas pernas. e logo você também não. nada de prazer, acasalamento ou filhotes. nada de ter as costas arranhadas. se você acha que a frustração passa com o tempo? não passa. por isso que o Garfield é gordo”.
            “eu vou fugir para descobrir o que eu vou perder”.
            “esquece. na rua você tem frio e fome e veneno nos telhados. o dono daquela casa azul e amarela não gosta de gatos. muitos amigos meus morreram naquele quintal. eu queria me vingar, mas envelheci e engordei deitado na cadeira acolchoada da cozinha. além do mais, Felina, todos os gatos do bairro são castrados”.

            Felina volta para o sofá. Submissa. Calada. Com a mente manipulada pelos vizinhos. Zonza pelo cheiro. Cérebro derretendo pela radioatividade idiota da nova novela das 21 horas.

            “passar frio e fome de novo? não obrigada”.

      E Felina não fará a revolução. Mas antes ela rasga o sofá e mija em todos os móveis da sala.                       



(Gilberto Caetano)



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29.11.12

LISTA: Meus contos com menor popularidade

Ao lado existe duas listas: Contos Mais Populares e Postagens Populares (Semana).

Aqui vai uma lista dos meus contos Menos Populares. É só clicar no título. 

1) OLHO

2) S.O.

3) A INCOMUNICABILIDADE

4) GONE

5) AQUILO QUE NÃO SOMOS

6) 30

7) MARTINHA (08)

8) FRANGO FRITO

9) FELIZ DAQUELE HOMEM QUE SE ESCONDE NA FLORESTA

10) A TERRA DAS SOLUÇÕES FÁCEIS


Dois contos, A Terra das Soluções Fáceis e Frango Frito, já ganharam prêmios na Mostra de Artes de Diadema Prêmio Plínio Marcos.




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24.11.12

14.11.12

(Conto): PEDRO E A PRIVADA CINEMATOGRÁFICA

“Tudo gira, tudo choca e tudo colide”. Seria assim que Pedro iniciaria seu filme, com esta frase, ele apenas copiou algo parecido de uma contracapa de um DVD do show do Led Zeppelin. Ele pensa nisso enquanto dá a descarga no banheiro da casa de seu amigo Rafael. Uma bonita privada e ainda mais quando a água desce rápida e em grande volume. O giro é anti-horário. Até que hipnotizante. Pedro volta para o quarto. Lá, além do amigo e filho do dono da casa, estão Patrícia e Dinho. Maconha – o que sobrou do pé gigante – e Led no rádio, Nobody’s Fault But Mine.

- Sobre o que vocês estão falando?
- Crepúsculo.
- Tá de brincadeira?
- Sério. Patrícia acha que as garotas sonham com um cara que pense no coração delas pulsando e não na vagina pulsando.
- Desde quando você é sensível assim, Patrícia?
- Eu sou sensível só não demonstro pra esse mundo cruel.
- Cruel e hipócrita.
- Ééé. Deixa eu dar um trago.
- Sabe, eu tenho um ideia pra escrever um livro – diz Dinho envergonhado.
- Sobre o quê? – alguém pergunta.
- Um jovem que escreve um livro, vai em várias editoras, é rejeitado, anda pela rua com o livro encadernado, senta em um banco e chora. Uma antiga amiga passa, eles conversam. Ele acaba jogando o livro no latão. Isso significa que ele está desistindo do seu sonho. O que vocês acham?
- Você tá falando sério?
- Livro bobo.
- Você é tão pirado, Dinho. Porque escrever uma merda dessa?
- História de merda.
- Vamos bolar mais um que a gente cria alguma coisa melhor que isso.
- Bola aí, Patrícia.
- Nada. Eu vou no banheiro.
- Bola aí, Pedro.

A garota vai para o banheiro. Pedro pega a seda. Rafael dixava a maconha. Dinho pensa.

- AAAAAAAAAAAAA.
- O quê foi, Patrícia? – pergunta Pedro.

Ela não responde.

- Patrícia?
- AAAAAAAAAAAAAAAAA.
- Parece sério.
- Eu vou ver.

Dinho vai até o banheiro. Ele vê a garota com as calças arriadas.

- Pedro, Rafael. Vem aqui.

Eles chegam.

- Quê?
- Dá uma olhada na Patrícia.
- Ela mijou na calça?
- AAAAAAAAAAAAAAA.
- Para de gritar, o que foi?
- Olha na vagina dela.
- Vixê, Maria.
- Minha xoxota sumiu!
- Como assim sumiu.

Pedro coloca rapidamente a mão dentro da calça.

- Graças a Deus. O meu tá aqui. Dinho o teu tá aí?
- Tá - conferindo.
- Rafael?
- O quê?
- O teu pinto.
- Tá aqui, tá aqui. 
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAA.
- Todo mundo fica calmo agora – diz Rafael. – Bola aí, Pedro.
- Como eu vou ficar calma se a minha xoxota sumiu?!      

Onde antes havia uma vagina rosada, agora aparece algo como um joelho dobrado.

- Caramba, velho, como isso aconteceu?
- Pega uma faca na cozinha. – Dinho fala.
- O quê?
- Pra quê faca?
- Pega uma bem afiada – continua Dinho – nós vamos cortar e eu lhe garanto, Baby, você vai ter sua xoxota de volta. 
- Você vai me operar?
- Tem certeza que a gente não tá loko demais e a vagina tá lá mas não vemos?
- Eu estou tentando mijar aqui mas não sai nada, passa a mão.

Eles passam.

- É mesmo. Isso não é loucura.
- Eu vou lá pegar a faca.

Dinho sai.

- Entra na privada. Vai ver que caiu lá dentro.
- Essa porra virou Trainspotting?
- Eu não sou rato pra andar no encanamento da privada?
- Uma pessoa descendo pela privada é surreal pra caralho.
- Que coisa não é surreal depois que perde a xotota?
- Os caçadores da vagina perdida.
- Vai ver ela nunca teve boceta.
- Ela mija por onde, cabaço?
- Eu dei ontem!
- Pra quem?
- Você não conhece.
- E foi tudo normal?

Dinho volta com uma faca para cortar carne de churrasco. Afiada como o diabo.

- Vamos cortar essa porra – Dinho diz.
- Não! Ninguém vai me cortar.
- Pensa nas transas que você já teve...
- Você é louco? – diz Rafael.
- Por quê?
- Se ela lembrar de alguma vez que foi ruim aí ela não vai querer a xoxotinha de volta.
- Ah, não. Eu quero sim. Eu tenho mais bons sexos do que maus sexos.
               
Pedro termina de bolar a maconha.

Rafael segura Patrícia.

Pedro pega o isqueiro.

Dinho aponta a faca.

Patrícia treme.

Pedro deixa o isqueiro cair aceso dentro da privada. As chamas não apagam, a luz continua mais forte, apontando direto para teto e a vagina é projetada como num filme no cinema. Os quatro ficam perplexos.

- É sua vagina?
- É-é, m-minha, v-a-g-i-n-a.
- Bela vagina.
- Alguém já tinha visto?
- Não.
- Também não.
               
Quase como um monólogo surreal os quatro ficam maravilhados. Por horas. Deitados no chão do banheiro esperando pela próxima cena.           



(Gilberto Caetano)

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13.11.12

* * *

terça-feira triste.
luto por um amigo.
reunião de tristeza e dor.
como todas as vezes.
faz pensar na nossa própria família.
na dor que já sentimos.
e na dor que ainda sentiremos.
é natural.
nascemos, crescemos, morremos.
o triste "vale da paz".
a dor que ninguém gosta de sentir.
mas inevitável.







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9.11.12

FRAME: Raul - O Início, O Fim E O Meio, 2012


Documentário sobre a história do Rei do Rock nacional (e pra mim muito melhor que o Elvis).

É impressionante a quantidade de músicas maravilhosas compostas por ele e seus parceiros.

Esta é a lista das músicas que estão no filme dirigido por Walter Carvalho:

Let me Sing, Let me Sing
Mosca na Sopa
Al Capone
Ouro de Tolo
 Metamorfose Ambulante
Gita
Sociedade Alternativa
Como Vovó ja Dizia (Óculos Escuros)
Sessão das 10
Medo da Chuva
A Maça
Tente Outra Vez
Rock do Diabo
É Fim de Mês

Tu És o MDC da Minha Vida
A Verdade Sobre a Nostalgia
Eu Nasci há 10 mil Anos Atras
Eu Também Vou Reclamar
Meu Amigo Pedro
Canto para Minha Morte
Maluco Beleza
Lucille/Corrine, Corrina
Blue Moon of Kentucky/Asa Branca
Aluga-se
Rock “das Aranha”
O Carimbador Maluco (Plunct Plact Zum)
Cowboy Fora da Lei
Carpinteiro do Universo (com Marcelo Nova)




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Veja também:

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