30.6.09

O ESQUEMA GERAL DA VIDA #06

O FILME DE TELEKET TRISTE

Segunda-feira. 12:15. Gonzalo, Curiati e Cintia almoçam em silêncio no Zeca Lanches. A boca de Gonzalo arde por causa da calabresa apimentada. Ele adora. Curiati não levanta os olhos do prato, uma omelete com bastante queijo. Cintia, salada e arroz estão se deliciando com a falta de jeito de Curiati, ele está com vergonha pelo fora que tomou de Pernele (comentado anteriormente no n. 05).

GONZALO: Adoro novela. Eu gosto do que a novela traz.
CINTIA: O que ela traz?
GONZALO: Só assistindo novela é que você sabe o que é bom de verdade quando assiste a um filme. Um filme com coração, sem melodrama, sem vilão otário. Sem mocinhas tristes e coitadas que esperam ascensão social casando com um rico otário qualquer.
CINTIA: De que filme cê tá falando?
GONZALO: O Lutador.
CINTIA: Bom?
GONZALO: Pra caralho. É com o Mickey Rourke, ele é um lutador de teleket e a coisa era pra ser de mentira só que os caras se machucam de verdade, sangram pra cacete e ele tem um ataque cardíaco e depois de quase morrer quer encontrar a filha e também tem um rolo com uma prostituta a... a... como é o nome dela, Curiati?
CURIATI: Sei lá.
GONZALO: Bom, essa atriz aí arrebenta, corajosa pra cacete nesse papel, dançando pelada e tal. E no final...
CINTIA: Você não vai contar o final, né?
GONZALO: Nããão, no final o Mickey Rourke tem um discurso e é impossível não ver o personagem e as coisas que ele diz são do ATOR Mickey Rourke e tudo que ele passou.
CURIATI: Tá por dentro da vida dele, hein?
GONZALO: Ah, o cara fez uns filmes do cacete, meu. Coração Satânico, O Selvagem da Motocicleta e aquele do roteiro do Bukowski.
CINTIA: Quando eu assisti Coração Satânico pela primeira vez e a cena da transa dele com aquela garota no quarto dele e escorre sangue pela parede, eu queria estar ali.
O Homem que almoça ao lado olha para ela com um sorriso safado que se perde.
GONZALO: Caramba, como é o nome da atriz?
CINTIA: O meu fim de semana foi nacional.
CURIATI: Pra variar, né?
CINTIA: Assisti Feliz Natal e Querô. Gostei mais do Feliz Natal. Da direção do Selton Melo, dos atores. Dá pra sentir a dor dos personagens.
CURIATI: Dramalhão.
CINTIA: Não, não é. Nada de novela.
GONZALO: Qual é o nome da atriz?
O HOMEM QUE ALMOÇA AO LADO: Que filme que ela já fez?
GONZALO: Putz. Não sei.
O HOMEM QUE ALMOÇA AO LADO: Então dessa vez não dá pra ajudar.
CINTIA: E você, Curiati?
CURIATI: Assisti T4.
GONZALO: O quê é isso?
CINTIA: Exterminador do Futuro 4.
GONZALO: O dois é bom, o três é uma cópia turbinada. É uma merda.
CURIATI: Esse é legal. O futuro devastado tipo Matrix antes das máquinas criarem a realidade virtual.
Curiati termina de comer, bebe um pouco de guaraná.
CINTIA: Até quando você vai ficar assim? Tomar um fora é normal.
CURIATI: Já escutei a manhã inteira os caras do escritório tirando o barato da minha cara.
CINTIA: Esquece isso. Convida outra garota pra ir ao cinema.
Gonzalo gargalha. Todos na lanchonete olham para eles.
GONZALO: Você precisa ser mais sutil, Cintia.
CURIATI: Ééé, hã...
GONZALO: Bebe um pouco de refri e convida ela.
Depois que pagaram o almoço e caminham pela rua de volta ao trabalho. Curiati e Cintia discutem que filme irão assistir, Gonzalo ri. Até que desistem de se encontrarem.

26.6.09

* * *


Lembro de quando tinha quatro ou cinco anos de idade, numa tarde qualquer junto ao meu tio que estava com a perna quebrada por ter caído de moto, assisti um videoclipe que parecia filme... de um cara negro, que aos poucos se transformava em lobisomem para assustar uma garota e a mim! Gostei da primeira vez que vi... a dança... os zumbis... a música... E minha mãe dizendo que gostava dele quando era criança!

Que criança dos anos 80 não tentava andar para trás daquele jeito?

Prefiro guardar dele essa imagem a qualquer outra...


23.6.09

(Conto): A FAMÍLIA CUNHA


JORGE
- Mãe?!? Mas Que Merda É Essa?!?
DADINHA
- Calma, filho! Calma Jorginho!
JORGE
- Jorginho o cacete, mãe! Que porra é essa?
GISELE
- Foi ela que começou, amor.
DADINHA
- Cala a boca, vaca.
JORGE
- Mãe! Você Estava Beijando A Minha Namorada Na Boca!!
GISELE
- Foi ela que me seduziu.
DADINHA
- Eu te seduzi, vadia?
JORGE
- Larga, ela mãe! Larga ela!
GISELE
- Ai, meu cabelo!!! Ai, ai!!
(...)
JORGE
- Eu sou o corno aqui e eu sou o mais calmo?
(ele respira fundo)
- Faz quanto tempo que vocês fazem... fazem...?
GISELE
- Que nós estamos ficando? Duas semanas.
JORGE
- Duas semanas...
GISELE
- Antes, já tinha rolado uns beijos, mas foi nessas duas semanas é que as coisas se intensificaram.
JORGE
- Intensificaram como?
DADINHA
- A gente começou a transar, filho.
JORGE
- Hã... ééé... hã... putz... ééé... humm....
DADINHA
- Calma, filho.
JORGE
- Hã... Você prefere transar comigo ou com a minha mãe?
GISELE
- É diferente, Jorge. Eu gosto do seu pau, mas a tua mãe me seduziu de um jeito... e ela também é uma coroa gostosa... conhece bem os caminhos da xoxota eeee...
JORGE
- Eu não sabia que a senhora conhecia tão bem assim os caminhos da xoxota.
DADINHA
- Eu gosto mais de mulher do que de homem. Desculpa, filho. Sou assim.
JORGE
- Quando o meu pai visitava a gente, eu sempre te via transando com ele.
GISELE
- Que perversão isso.
DADINHA
- Na verdade foram poucos os homens com quem eu transei. Teu pai era gostoso e só.
GISELE:
- Só falta você me dizer que se masturbava olhando sua mãe e seu pai metendo.
JORGE
- Já fiz isso.
GISELE
- Eu namorava um pervertido. Dadinha??
DADINHA
- Eu sabia.
JORGE
- Sabia?
DADINHA
- Quanto eu percebia que você estava olhando, aí que eu pulava mais forte no pau do seu pai. Também já te peguei se masturbando no banheiro vendo revista de putaria.
GISELE
- Você não tem vergonha de se masturbar pensando na sua mãe?
JORGE
- Minha mãe é muito gostosa, você sabe disso. Já provou.
GISELE
- É. Tem razão.
JORGE
- Você já ficou com outra namorada minha antes, mãe?
DADINHA
- Claro que não, Jorginho! Tua outras namoradas eram horríveis. A Gisele é a mais gata que você pegou.
GISELE
- Obrigada, Dadinha.
DADINHA
- E é verdade, Gisele. E eu já te disse isso: que você é bonita, inteligente...
JORGE
- Pô, não beija na minha frente, mãe... Mãããe...
(...)
DADINHA
- Como fica a nossa situação?
JORGE
- Está na cara que vocês duas vão continuar transando.
GISELE
- Eu também gosto tanto do seu pau, Jorge. Não queria perdê-lo.
JORGE
- Eu também gosto da sua xota, Gisele.
DADINHA
- É gostosa, não é? Você já chupou o grelinho dela?
JORGE
- Já, mãe.
DADINHA
- É boa, não é?
JORGE
- Ééé, mãe.
DADINHA
- Desculpa eu ter batido em você, Gisele.
GISELE
- Tudo bem.
DADINHA
- Você gosta, não é, Jorginho? Você faz essa pose de namorado traído mas no fundo você gosta. Corninho.
JORGE
- Gosto.
GISELE
- Daqui a pouco você vai ficar nos observando, como fazia com ela e seu pai... e ainda vai se masturbar!
JORGE
- Possivelmente.
DADINHA
- Por que você não se muda aqui pra casa, Gisele?
GISELE
- Sério?
DADINHA
- Muito sério. O quê você acha, Jorginho?
JORGE
- Sei lá... pode ser... A única coisa que eu acho que eu não vou agüentar é ver vocês duas transando e eu me masturbando sem fazer nada. Minha vontade vai ser de pular na cama com vocês.
GISELE
- Isso não é muito pervertido?
DADINHA
- A gente se acostuma.
GISELE
- Peraí. Mas você só vai transar comigo ou com a sua mãe também?
JORGE
- Minha mãe é tão gostosa...
GISELE
- Isso é perversão pura!
DADINHA
- Vamos continuar essa discussão aqui ou no quarto?
JORGE
- Onde você quiser, mãe. Onde você quiser.

(Gilberto Caetano)

17.6.09

(Conto): O AMOR CORRÓI



Existem certas coisas que pensamos serem impossíveis, em que neste nosso século, há pessoas dispostas a qualquer coisa pelo amor. Muito bonito, né? CRISTIANE CABRAL mora em uma cidade do Grande ABCD, garota sincera e apaixonada por seu patrão. Ela, extremamente tímida, não consegue dizer duas palavras sem gagueja e não mais do que duas. Sempre.
- Você pegou aqueles sapatos no estoque?
- S-sim... ééé...
Mas Cristiane é legal. Possui grandes amigas na loja de sapatos em que trabalha. Uma família protetora. E um início de depressão. Uma angustia crescente em teu estômago. Cansada de não conseguir falar mais de três palavras para o homem que está apaixonada, procura uma Mulher, que se diz mãe de santo e detentora de poderes para conseguir o amor de sua vida, como diz o folheto que Cristiane pegou na rua, entregue por uns desses meninos mal vestidos e necessitando de grana.
- Minha, fia, relaxa que o amor desse homem é teu, só fazê direitin u qui eu dissé: Pega um bife, dá umas marteladas até ficá macio, passa mel, escreve teu nome num papel, o nome do cara que cê qué e enrola os dois no bife bem enroladinho e envia na xana.
- Na vagina? Tem certeza?
- Oxê, muié! Se não botá fé, num funciona. Cinquenta pau.
Cristiane depois da consulta passa no supermercado comprar os ingredientes do feitiço. Ela trabalha na loja de sapatos por uma semana esperando que surja algum resultado. Seu patrão não aparece na loja por duas semanas. Quando ela pergunta porque, o gerente lhe responde que ele está de férias viajando com a família.
Num dia, num almoço ordinário de todos os dias, a mãe de Cristiane sente um cheiro de podre, procura na casa, pelos quartos, atrás de algum rato ou outro bicho qualquer morto por algum cômodo da casa. No almoço, Bife Rolê, Cristiane levanta com enjôou. Ela pára de trabalhar e tranca-se em seu quarto. Um mês depois o cheiro podre está forte em toda a casa. Em mais um mês a podridão está nas casas vizinhas. A mãe procura a fonte do odor por todo canto até chegar a porta da filha. A origem está ali e a velha pressiona a filha para dizer o que está acontecendo, já que vem do seu quarto. Ficar agora ao lado de Cristiane é insuportável.
Ambas vão ao ginecologista. Quando Cristiane deita-se para ser examinada, o médico vomita ali mesmo, na primeira olhada. Há bigato por fora e por dentro da vagina. O horror, o horror, como diria o coronel Kurtz se visse aquilo na selva. A operação foi imediata. Os bigatos já estavam corroendo por dentro. É retirado o útero, as trompas e os ovários e mais metade do intestino.
Seus amigos e colegas de trabalho nunca souberam se Cristiane está viva ou morta. Já que a infecção atingiu sua corrente sanguínea. Ela e a família sumiram depois das operações. Seu patrão nem percebeu que perdeu uma das funcionárias. A vida arruinada por uma mãe de santo fajuta não disse a Cristiane quanto tempo tinha que ficar com a “macumbinha” dentro de si?

Ah... e toda vez que você comer um belo Bife Rolê, lembre-se de Cristiane Cabral.


(Gilberto Caetano)

9.6.09

* * *

Colaboração de Thais S.

- Precisamos de dinheiro.

- É.

Thruuuumm.

- Alô? Sim... hããã... não, obrigada. Não. Não estou interessada.

- Quem era?

- Um cara querendo me dar um emprego lá em São Miguel Paulista! Quem oferece emprego numa Sexta, cinco horas da tarde?!

- Pra começar quando?

- Segunda de manhã.

- Sacanagem isso. Cara sem noção.

- Abre uma cerveja pra nós.

Tsssssss.


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