29.5.18

* * *

O inverno dentro do peito

O aperto no estômago

Contagia o corpo

Treme as mãos

Deixa a cabeça doendo

E pensando besteira

A Dona Morte sussurra pelos cantos da rua

O peito continua oprimido

Precisando respirar

Mas o ar é poluído

É tenso

É escasso

É o cheiro de merda que precisa entrar pelo nariz

Os anos passando e tudo fica mais pesado

Nada alivia

O gozo é momentâneo

Um prego na cabeça

Que o grande martelo místico que bate cada vez mais forte

O inverno dentro do peito não passa

A neve escorrega pelo esôfago

O coração é apenas um cubo de gelo

Querendo estar num copo com caipirinha

Toda a vontade que corria pelas veias está quase no fim

Talvez melhor o inverno por dentro do que oco

Descontando no sexo algumas todas as frustrações

Descontando na escrita todo desejo de violência e morte.





(Gilberto Caetano)





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