Estamos
em uma estrada 
Onde
o Sol levanta no norte
Onde
as pessoas que mandam 
Mandam
por séculos
Imortais
que riem, bebem e cagam
Sobre
a cabeça daqueles serem pequenos
Pretos,
pés chatos, pardos, cabeludos
Que
não
aprenderam a construir armas mais potentes
As
correntes nos pés ardem o calcanhar
Os
olhos em uma direção 
Nesta
mesma estrada as árvores ao lado dão frutos suculentos 
Que
vão para as terras do norte e do leste 
Depois
do grande oceano
As
pessoas não podem comê-las 
Apenas
pegar da árvore e colocar no cesto
Pegar
da árvore e colocar no cesto
Pegar
da árvore e colocar no cesto
Pegar
da árvore e colocar na boca
O
gigante de três olhos que tudo vê
Coloca
o pequeno no alto da colina de ponta cabeça 
Corta
sua garganta e o sangue escorre pelas rochas
Gerando
flores púrpuras
da morte
O
aroma da podridão corre pelas planícies 
Seu
perfume serve para afugentar os lobos alados 
Eles
destronam as casas das mulheres solitárias 
Uma
tribo que existe há apenas 247 anos 
Elas
aprenderam a gerar filhos sem precisar de homens
E
os
homens se sentiram inúteis e morreram todos 
(Gilberto Caetano)
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