26.7.14

* * *

Estamos em uma estrada 

Onde o Sol levanta no norte

Onde as pessoas que mandam 

Mandam por séculos

Imortais que riem, bebem e cagam

Sobre a cabeça daqueles serem pequenos

Pretos, pés chatos, pardos, cabeludos

Que não aprenderam a construir armas mais potentes

As correntes nos pés ardem o calcanhar

Os olhos em uma direção 

Nesta mesma estrada as árvores ao lado dão frutos suculentos 

Que vão para as terras do norte e do leste 

Depois do grande oceano

As pessoas não podem comê-las 

Apenas pegar da árvore e colocar no cesto

Pegar da árvore e colocar no cesto

Pegar da árvore e colocar no cesto

Pegar da árvore e colocar na boca

O gigante de três olhos que tudo vê

Coloca o pequeno no alto da colina de ponta cabeça 

Corta sua garganta e o sangue escorre pelas rochas

Gerando flores púrpuras da morte

O aroma da podridão corre pelas planícies 

Seu perfume serve para afugentar os lobos alados 

Eles destronam as casas das mulheres solitárias 

Uma tribo que existe há apenas 247 anos 

Elas aprenderam a gerar filhos sem precisar de homens

E os homens se sentiram inúteis e morreram todos 



(Gilberto Caetano)

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