31.8.10

(Conto): APOSTAS


        Dia chuvoso, o PlayStation de MARCOS WINTHERKING SILVA já está cansativo, sem dinheiro, o dia dos namorados está se aproximando, ele lembra que não tem uma namorada, e isso é um problema. E não é o único, tem conta de telefone, conta de luz, conta de água, conta disso, conta daquilo. Que merda! De volta ao vídeogame, mas ele já terminou os 10 jogos que tem. Não tem nem dinheiro para alugar um filminho pornô para passar o tempo, comprar uma pipoca e chamar algumas amigas safadas. Ele gostaria de ter algumas amigas safadas. Marcos está só.
Quando desliga o game, na TV passa o telejornar da tarde. A repórter, tão atraente que deixa Marcos excitado – para ver o quando ele está desesperado – ela anuncia os números da Mega-Sena: 13/17/21/24/27/43. Isso deixa o prêmio acumulado em 45 Milhões de Reais.
Ele ouviu mesmo 45 milhões, o quê se pode fazer com isso? É mais fácil perguntar o que NÃO PODE fazer com tanto dinheiro. Ele pega sua carteira, tem 2 reais. Veste uma blusa, pega o guarda-chuva e sai. Anda dois quarteirões até a Lotérica, vê a placa na entrada que confirma, 45 Milhões, em um balcão tem os bilhetes para marcar os números, ele pega uns 50 e volta para casa.
Ele pensa em vários números e combinações. Números de ônibus que já pegou, datas de aniversário. Todo que pode imaginar, até a quantidade de punhetas do dia anterior. Escolhe os 7 primeiros números, 20 minutos depois mais 7 para o segundo jogo e 7 para o último. No verso dos bilhetes tem algumas explicações, ele lê essas informações, 6 números por 1 real e 50, dá para fazer apenas 1 jogo, 1 jogo apenas com 2 reais. 2 horas para tirar 1 de 7 números. Feito isso, Marcos lê as probabilidades de ganhar a Sena: 50.063.860 para 1. A Quina é 154.518 para 1 e a Quadra é 2.332 para 1.
Eu tenho que acertar pelo menos a QUADRA, pelo menos a QUADRA!!!”
Marcos pega sua blusa, o guarda chuva, e sai para a rua de volta a Lotérica, são 2 quarteirões e quando atravessa a primeira rua e vem um carro... quase, mas por muito pouco mesmo, Marcos não é atropelado. “É o diabo não querendo que eu ganhe!” Ele vê isso como um sinal. Quando ele atravessa a última rua para chegar a Lotérica... BBBBRRR RROOOO OOOOOMMM MMMM !!!!!!!!!!!
1 raio fulminante o atinge na cabeça, em cheio, em segundos está com o corpo todo queimado, tostado como frango de padaria. Se ainda estivesse vivo ele pensaria: Qual a probabilidade de um Raio acertar a cabeça de um homem de 50 anos quando este vai a lotérica?
Probabilidade de ser atingido por um raio: 1 em 576.000
           Probabilidade de morrer atingido por um raio: 1 em 2.320.000

Marcos sortudo...



(Gilberto Caetano)

25.8.10

* * *



       A inspiração está em todos os lugares.
       Na música que você escuta.
       No livro ou revista que lê.
      É apenas pegar essas partículas que estão por aí, pelo ar, juntá-las.
      Formar um pequeno espetáculo para que se divirta sozinho em seu quarto.

       Mas rápido.

      Atrás vem outro que pode pegar essas mesmas partículas. Juntá-las.
      E formar um pequeno espetáculo para que você se divirta ainda sozinho.

       E morder-se de raiva por não ter feito isso antes.


10.8.10

(Conto): S.O.

Eu não vou mastigar as coisas para vocês. Tudo é simples, mais simples que um riff de duas notas. A língua passa rápido como cantar uma letra de duas páginas e isso é legal, é cool.

Tem que se saber o que está fazendo, precisa muito que ambos sejam sacanas. Inventar, coreografar. Não importa o sexo, homens, mulheres e afins, todos tem suas chances.

Para isso não importa o local, depende da cara-de-pau. É risco de vida. São germes e vírus se acumulando rapidamente na saliva.

Dedos são úteis, meu bem, escute o que eu lhe digo. Sem ou com plásticos em contato. Os movimentos, mãos, cabeça e quadril. O gosto salgado na língua. Quando o personagem vem, aproxima, vai com calma para reconhecer terreno e se empolga como um motor acelerando. Êxtase para o fim. Todos podem ter esta oportunidade.

Esta é uma história sem personagem, não, deixe-me corrigir, com personagens sem identidade, uma crônica que dura minutos, muito movimentada, com muita ação, uma mística boa de verdade. S.O. foi inventada para deixar as pessoas mais felizes.

PS.: E sem diálogos neste momento, por favor, até que tenha terminado.



(Gilberto Caetano)
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